“O Mercado Municipal D. Pedro V, na sua actual localização, resulta da convergência num mesmo local de três mercados que na primeira metade do século XIX se realizavam em Coimbra: o Mercado da Praça de São Bartolomeu (hoje Praça do Comércio), o mercado do Largo de Sansão (hoje Praça 8 de Maio) e o Mercado do (antigo ) Largo da Feira, frente à Sé Nova.
A procura de um local apropriado para o Mercado começou por sentir-se face à necessidade de deslocar as vendedeiras de cereais do Mercado de Sansão, visto que este foi encerrado devido à extinção do Mosteiro de Santa Cruz, junto ao qual se realizava. Mas tal necessidade foi também reforçada pelo facto do Mercado de S. Bartolomeu ser um espaço demasiado exíguo para comportar os seus vendedores habituais e os que deixaram de exercer actividade no Mercado de Sansão.
Houve ainda uma tentativa de transferir as mesmas vendedeiras de cereais do Mercado de Sansão para o então denominado Pátio de Santa Cruz, mas tal revelou-se motivo de controvérsia, o que determinou maior urgência na construção de um mercado novo na Cidade de Coimbra. Porém, também em relação à nova localização se desenvolveu grande polémica, em torno de duas opções, a Sota, que veio a ser preterida e a horta de Santa Cruz, que veio a determinar o local onde ainda hoje se ergue o Mercado que, embora tendo sido a localização com orçamento de construção mais baixo, era na altura considerado longe do Centro da Cidade.
E foi em 5 de Janeiro de 1866 que o então Presidente da Câmara, Dr. Manuel dos Santos Pereira Jardim, promoveu a decisão a favor da horta de Santa Cruz, tendo a obra sido concluída em 1868. Sendo inicialmente aberto, só posteriormente foi murado. Ao longo dos anos foram sendo realizadas beneficiações nas instalações de modo a corrigir a sua precaridade, de tal modo que só em 1907 é que foi concretizada a criação do Mercado do Peixe, no local onde ainda hoje se encontra.
À sua história ficam também ligados dois factos de grande relevo: a “Lei do Selo” e a “Revolta do Grelo” que foi sua consequência. Através da obras de remodelação de que o edifício foi alvo entre Novembro de 2000 e Novembro de 2001, pode hoje a Cidade de Coimbra orgulhar-se de possuir um Mercado Municipal D. Pedro V preparado para enfrentar as exigências do século XXI.”
MERCADO MUNICIPAL D. PEDRO V – A SUA HISTÓRIA
(retirado do texto da autoria do Dr. Carlos Santarém Andrade, contida no suplemento do nº. 739 da Jornal de Coimbra, de 15 de Novembro de 2001)